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Gestão de Treta

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Gerir conflito não é pra qualquer pessoa, ainda mais se você não for o João Kleber ou a Christina Rocha. Aquela confusão das discórdias do dia a dia só tem chance de ficar divertida na roda de amigos no boteco e olha que precisa tomar cuidado para que isso não vire outra treta, hahaha. 

Acompanha essa…

A gente estava desenvolvendo um treinamento em uma grande empresa no Sul do Brasil, os empresários eram muito determinados e especificamente nesse caso é uma empresa familiar com mais de dois mil colaboradores. O negócio andava mais pela pressão dos gestores do que pelo propósito que criava no grupo. Eram seis irmãos, que apesar do grande afinco ao trabalho, constantemente estavam discutindo por coisas pouco importantes, mas que davam o maior B.O.

Acreditamos que o desenvolvimento pode ser muito divertido quando envolve novas descobertas e no desenvolvimento de uma atividade eles precisavam definir no que estavam tocando, com os olhos vendados e em silêncio.

Tocaram, apalparam… e terminado o exame, retirada a imagem, começaram a conversar:

— Puxa! Que coisa esquisita! Parece um círculo, uma auréola, um bambolê, não tenho dúvida!

— Você está doido? Bambolê que nada! É uma grande estrela, isto sim!

— Qual estrela, colega! Você parece cego! É um triângulo, lados iguais, 3 pontas!

— Nada de triângulo, nem de estrela. São só linhas retas traçadas em vários sentidos, eu até percorri uma a uma.

— De jeito nenhum! Era uma coroa de estrelas.

— Mas quanta invencionice! Era uma grande roda com uma calota no centro.

E lá ficaram os seis, discutindo partes daquela imagem. O tom da discussão foi crescendo, até que começaram a brigar, com tanta eficiência quanto quem não enxerga pode discutir, cada um querendo convencer os outros que sua percepção era a correta.

Todos tocaram a mesma imagem e confiante de suas habilidades, discordava dos demais.

Depois de aproveitar bastante toda a discussão a gente revelou a imagem; era o eneagrama em alto relevo, ferramenta de autoconhecimento que faz parte dos treinamentos.

Embaraçados e percebendo que todos tinham razão em suas afirmações, ficaram muito propensos ao aprendizado pela abertura que a brincadeira havia criado.

Foi uma oportunidade incrível de mostrar que no dia a dia acontecia a mesma coisa, cada um via as coisas do seu jeito, cada um interpreta de acordo com as experiências que teve em sua vida, se fechando às possibilidades e a novas formas de se ver o mundo.

Na sequência dos trabalhos vinha a imersão em autoconhecimento com a ferramenta Eneagrama. Foi supimpa, ficou fácil de entender o porquê dos conflitos, bem como de aproveitar ao máximo cada um deles para criar soluções e gerar inovação.

Os empresários, em seus depoimentos, conseguiram ter a percepção que engolidos pela rotina de trabalho e pelo estresse que eles mesmos criavam no ambiente não conseguiam ver que a empresa precisava mais do que de donos, ela precisava de gestores, que de uma forma mais humana elevasse o nível de envolvimento de todos os colaboradores e por sua vez dos departamentos da organização.

Eles deixaram depoimentos, tipo de “gente mesmo”, sobre o radar de cada um, que era diferente, o porquê dos porquês:

— … Não imaginava as coisas dessa forma, eu já havia sido tachado de chato em casa pela minha esposa e agora faz sentido tudo isso. Eu fui criado para ser obediente, perfeito, de ação, gosto das coisas justas e certas, sou muito organizado e acabo percebendo o mundo de uma maneira rígida e julgo todos a minha volta. Quero tudo do meu jeito e pode parecer engraçado, porque doeu perceber que preciso ouvir mais antes de julgar.

— Eu sempre fui mais de quebrar regra e mostrar que eu mando, agora fico meio emputecido, meio feliz, por que apesar de entender que foi só como eu senti, me preocupo agora como eu hoje acabo transmitindo isso para as pessoas ao meu redor, não só a equipe, mas também meus filhos e meus amigos. Sou grosso mesmo, vou pra cima e faço acontecer, tá explicado minha barriguinha agora, kkkk.

— Eu detesto revelar, mas me senti abandonado na infância e só agora percebo que sob alguma situação de estresse fico sempre naquela de sentir que posso ficar para trás, fico sempre com uma sensação que falta algo e que não sou importante. Eu não tenho dúvidas agora, posso olhar para as situações, dar minha contribuição com um olhar inovador e seguir até o final, sem dar as costas ou me fechar. Como eu sinto os comportamentos não significa que é como quem manifesta desejou que eu sentisse, porra isso muda tudo.

— É interessante como percebemos tudo de maneira diferente, mesmo sendo criados pelas mesmas pessoas, a ansiedade me sufocava e eu ficava criando situações que não existiam sem saber a origem disso, uma nóia, fico mais tranquilo sabendo que posso confiar mais no grupo e que posso melhorar meu nível de desenvolvimento. Isso me dá uma sensação de alívio e acho que um dia poderei reduzir o ansiolítico.

— Nossos pais só trabalhavam, queriam que a gente tivesse sucesso e por isso mandavam a gente pra escola, queriam que tivesse um bom emprego e que vencesse na vida, foi assim que eu senti. Percebi que se eu fazia algo incrível eu era percebido e de alguma forma era amado. Ficou muito claro pra mim agora porque eu sou tão impessoal e só olho pro gráfico de desempenho, porque tenho necessidade de ser reconhecido e aparecer, é bem difícil, não me julguem.

— Percebo que tenho um pouco de tudo, mas não há a menor dúvida que a raiva é a emoção que me domina, serrar os dentes e ter dor de cabeça é o motivo de descarregar meu estresse em cigarro. A equipe sabe que eu sou rígido e que fico colocando regulamento e criando regras em todos os departamentos, só eu não via. Olhar para gestão de conflito depois disso é como dar um soco no próprio estômago. Estou com raiva de mim mesmo agora, rsrsrs.

Incrível como somos diferentes e como buscamos coisas tão parecidas, no fim das contas um ser humano quer amor, atenção ou segurança.

Essa treta foi criada de propósito, uma maneira de aproveitar a oportunidade de um conflito para resolver conflitos ainda maiores. As razões podem ser as mais distintas possíveis, mas as soluções sempre serão as mesmas; comunicação e empatia.

Conhecer a si próprio melhora os relacionamentos em qualquer esfera, mas conhecer a si e aos outros é a chave para fazer da diversidade uma oportunidade, o despertar da inovação, o olhar de fora para dentro, é uma rota de evolução para uma vida de plenitude, leveza e diversão.

Quer saber mais sobre autoconhecimento e gestão de gente? Vem bater um papo com a gente!

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